Mais quatro anos

Decorre o ano de 2015…

Analisando o resultado das eleições legislativas de 2015 não podemos ver nada de muito surpreendente. Comecemos pelo resultado do partido que ocupa o terceiro lugar. Apesar de ser apenas o 3º partido mais votado, com cerca de 15% dos votos, o CDS-PP e Paulo Portas são os grandes vencedores destas eleições. Esta vitória ficou praticamente definida nas eleições legislativas de 2011, quando PSD e CDS-PP optaram pela coligação. Cedo se viu que seria o CDS-PP o único a ganhar com este cenário, pois enquanto Pedro Passos Coelho se ocupava de colocar em prática o plano de empobrecimento do país, Portas soube manter-se escondido durante os maus momentos e nem o episódio irrevogável foi suficiente para o deitar abaixo. Portas soube analisar os prós e contras dessa jogada e percebeu que a falta de carácter não seria motivo suficiente para o afastar do seu desígnio nacional de nos liderar a todos. Arriscou e ganhou.

Neste momento o futuro do país está em Paulo Portas. É ele que vai decidir com quem o seu partido se pretende coligar. Apesar de a escolha mais óbvia ser o PSD, Portas vai deixar que o seu silêncio jogue a seu favor e vai criar espaço para a discussão e incerteza. Ou opta por mais quatro anos numa coligação que ele já demonstrou dominar com mestria mas que se encontra fragilizada no seio do PSD, ou sai da sua zona de conforto e testa agora as suas capacidades de dominar e destruir o PS. No final a decisão não passará pelo que é melhor para o país, mas sim o que será melhor para o futuro de Paulo Portas, para os seus próximos 4 anos e para as suas ambições pós governo. Que nem uma donzela dos livros de histórias, Paulo Portas fica no papel de ver qual dos dois candidatos apresenta melhores argumentos.

Do lado do PSD, e apesar de ficar em 2º na contagem de votos, esta também tem que ser considerada uma vitória. Cerca de 30% dos votos para um governo que tanto fez para destruir o pais, e estar agora em condições de poder ficar mais quatro anos no governo, é impressionante. Não só demonstra a incapacidade dos partidos que lhe fizeram oposição, mas também de que a máquina internacional da austeridade estava bem montada. Independentemente de todos os erros e tiros no pé, atingiram o objectivo de empobrecimento do país e no final a mensagem de que “os esforços que fizemos valeram a pena” conseguiu passar com sucesso para uma boa parte do eleitorado.

E claro que, em primeiro lugar na contagem de votos mas poucos pontos acima do PSD, o PS de António José Seguro declara a sua vitória mesmo que ninguém acredite nela, nem mesmo os seus militantes. Após um governo como o deste PSD, não conseguir obter um maioria ou pelo menos uma vitória clara é manifesta falta de capacidade do seu líder e da máquina partidária. O resultado nas eleições europeias de 2014 deveria ter sido um sinal mais do que evidente de que este seria o resultado mais óbvio para o PS nestas eleições, algo que só uma mudança de líder poderia ter invertido a situação. Não se compreende a decisão do partido após as eleições de 25 de Maio. E agora, o partido com mais votos, fica na oposição durante mais quatro anos.

O PCP contenta-se mais uma vez com o 4º lugar e com uma subida do eleitorado, o que neste cenário não tem grande significado. O PCP não sente necessidade de mudar o seu discurso e tal como o discurso do PCP não muda, o seu eleitorado também não. A flutuação que vai existindo depende mais da performance dos outros partidos de esquerda, e neste caso o PS e o Bloco de Esquerda deram uma grande ajuda.

Do Bloco de Esquerda não há muito para dizer, confirmando apenas a trajectória descendente dos últimos anos. Depois de perder as suas principais figuras, de muitas polémicas e de uma liderança bicéfala que não apresentou resultados, não se poderia esperar outra coisa e podem estar neste momento a caminho da sua extinção.

E agora deixo-vos com… Paulo Portas.